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26/11/2022 às 08h30min - Atualizada em 26/11/2022 às 08h30min

Ataques em escolas são resultado de política de ódio e incentivo às armas, diz educadora

Na manhã desta sexta-feira (25), duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, foram alvo de ataques a tiros.

Movimentação na frente de delegacia em Aracruz (ES), após ataques a duas escolas nesta sexta (25) - Kadija Fernandes/AFP

O Brasil registrou três ataques em escolas em apenas dois meses, o que pode ser um reflexo da cultura de violência e de ódio que se fortaleceu nos últimos anos no país, afirma especialista.

Na manhã desta sexta-feira (25), duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, foram alvo de ataques a tiros. Ao menos três pessoas morreram e 11 ficaram feridas. O ataque ocorre 50 dias após uma escola em Sobral, no Ceará, ter sido invadida por um adolescente que atirou contra três colegas —um morreu. Dias antes, um adolescente de 14 anos armado com um revólver e armas brancas matou uma aluna em Barreiras, na Bahia.

O suspeito dos ataques em Aracruz é ex-aluno de 16 anos, transferido em junho da escola estadual e filho de policial militar. Materiais com a suástica, símbolo nazista, foram apreendidos em sua casa.

Luciene Tognetta, pesquisadora e líder do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral), diz que, mesmo sem mais informações sobre a motivação do autor do crime, o caso se soma a outros recentes registrados no país e que alertam para a necessidade de uma política urgente de combate à violência nas escolas.

"Nossas escolas estão se tornando locais de massacre. Ainda que as motivações mudem, a causa é a mesma: a violência no Brasil está se perpetuando, avançando para os jovens cada vez mais cedo. A escola faz parte da sociedade. Nossa sociedade está mais violenta, essa violência entra para a escola. Se queremos proteger nossas crianças, precisamos de uma ação urgente e ampla", diz.

Ela também destaca o fato de o atirador ter usado uma arma de fogo —assim como ocorreu no ataque a escola no início de outubro em Sobral e em setembro em Barreiras.

"A gente viveu quatro anos sob uma política que incentivou e facilitou o acesso a arma. Além de ter colocado mais armas em circulação, também disseminou nas pessoas a ideia de se armar. O resultado dessa política já era esperado, é o aumento de ataques, de massacres, crimes de ódio. É previsível, assim como foi visto em outros países, como os Estados Unidos, que facilitariam o acesso a armas."

Nos últimos quatro anos, o Brasil viu uma série de medidas de flexibilização no acesso e porte de armas serem promovidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo editou 17 decretos, 19 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que facilitam as regras para armas e munições. Os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) têm sido os principais beneficiados e já há mais de 1 milhão de armas nas mãos do grupo.

Para ela, é alarmante o aumento e recorrência de ataques registrados em escolas brasileiras. "Ataques assim sempre ocorreram, mas eram casos isolados. Não é uma coincidência que a gente esteja vendo um aumento dessas tragédias no momento em que o discurso de ódio e de violência se disseminam", diz.

Tognetta foi uma das profissionais que trabalharam com alunos da escola estadual Raul Brasil, em Suzano (Grande São Paulo), após o massacre que deixou oito pessoas mortas (cinco deles eram estudantes).

Segundo a coluna Painel, representantes do grupo de trabalho de educação do governo de transição de Lula (PT) decidiram incluir um item a respeito de violência nas escolas na pauta de discussões após o ataque desta sexta.

Fonte: Folha de São Paulo

 


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