Um dos recortes da pesquisa mostra que a taxa de desocupação de homens (6,9%) continua abaixo do índice nacional (8,7%), enquanto a das mulheres segue bem acima (11,0%) no terceiro trimestre. “A taxa de desocupação caiu tanto entre os homens quanto entre as mulheres, mas a distância entre eles vem aumentando, com as mulheres tendo um percentual bem superior ao dos homens”, destaca Beringuy.
As taxas de desocupação de pretos (11,1%) e pardos (10,0%) também ficaram acima da média do país. Já a dos brancos segue abaixo: 6,8%.
Em relação ao nível de ocupação (percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão efetivamente ocupadas), a proporção de homens era de 67,6%, enquanto a de mulheres era 47,5%. A maior diferença estava no Norte (24,7 p.p.).
“No segundo trimestre, a taxa de desocupação havia caído 1,8 ponto percentual, com disseminação da queda por 22 unidades da federação. Já no terceiro trimestre, a queda foi menos intensa, de 0,6 p.p., e isso repercutiu nos resultados locais, por estado”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
As reduções na taxa na comparação com o trimestre anterior foram registradas por Paraná (-0,8 ponto percentual), Minas Gerais (-0,9 p.p.), Maranhão (-1,1 p.p.), Acre (-1,8 p.p.), Ceará (-1,8 p.p.) e Rondônia (-1,9 p.p.). Nessa mesma comparação, houve queda no indicador em todas as grandes regiões e o Nordeste se manteve com a maior taxa (12,0%). Entre os dez estados com maior taxa de desocupação, seis são dessa região.
Já as menores taxas de desocupação, no terceiro trimestre, ficaram com Rondônia (3,9%), Mato Grosso (3,8%) e Santa Catarina (3,8%). O Sul foi a região com a menor taxa (5,2%) e os seus três estados registraram percentuais abaixo da média nacional.
A taxa de informalidade registrada no país foi de 39,4% no terceiro trimestre. Os maiores percentuais estavam no Pará (60,5%), Maranhão (59,1%) e Amazonas (57,1%), estados onde a maioria dos ocupados estava em trabalhos informais. Já Santa Catarina (25,9%), Distrito Federal (29,8%) e São Paulo (30,6%) tinham as menores proporções.
“A taxa de informalidade apresentou queda para o total nacional, mas entre as maiores reduções nesse indicador se destacam Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pernambuco e Rio Grande do Norte”, afirma Beringuy. Entre a população considerada informal estão os empregados domésticos e do setor privado sem carteira assinada, os empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
No terceiro trimestre, apenas 25,3% dos trabalhadores domésticos do país tinham carteira assinada. Entre os empregados do setor privado, essa proporção era de 73,3%, com menores percentuais no Norte (57,7%) e no Nordeste (57,3%). Santa Catarina (88,4%), Rio Grande do Sul (81,3%) e São Paulo (81,2%) foram os estados com as maiores proporções. Já as menores foram Maranhão (47,0%), Piauí (48,5%) e Pará (50,3%).
“No Norte e Nordeste, as altas taxas de informalidade estão associadas à baixa cobertura de carteira assinada nas duas regiões”, diz a pesquisadora.
Cerca de 2,6 milhões buscam trabalho há dois anos ou mais no país
Em todo o país, 44,5% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho. Para 11,7%, a busca estava durando de um ano a menos de dois anos e para 27,2%, ou 2,6 milhões de desocupados, dois anos ou mais. Cerca de 16,6% estavam à procura de uma vaga há menos de um mês.
Rendimento cresce em todas as regiões frente ao trimestre anterior
O rendimento médio mensal recebido pelos trabalhadores foi estimado em R$ 2.737 no terceiro trimestre, crescendo tanto frente aos três meses anteriores (R$2.640) quanto ao mesmo período do ano passado (R$2.670). Na comparação com o trimestre anterior, houve aumento em todas as regiões. Já em relação ao terceiro trimestre de 2021, só o Sul e o Centro-Oeste tiveram alta e as outras regiões se mantiveram estáveis.
“Nesse trimestre, houve crescimento de 3,7% no rendimento médio em comparação ao anterior. Na maioria das unidades da federação, houve tendência de expansão do rendimento, mas apenas oito tiveram crescimento estatisticamente significativo”, diz a coordenadora.
A massa de rendimento de todos os trabalhos foi de R$266,7 bilhões, um crescimento frente ao trimestre anterior (R$254,5 bilhões) e ao mesmo período do ano passado (R$242,7 bilhões).
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.
Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante. Consulte os dados da PNAD no Sidra.
Fonte: IBGE