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15/11/2022 às 17h59min - Atualizada em 15/11/2022 às 17h59min

Manifestantes afirmam que atos antidemocráticos são pagos até com carteira assinada por alguns empresários

Equipe da Jovem Pan é hostilizada no DF e deixa ato sob escolta de militares

Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Os atos antidemocráticos que acontecem em Brasília têm sido inflados por caminhoneiros, que foram convocados por empresários do agronegócio para permanecerem na capital federal. A Folha ouviu relatos de caminhoneiros de Bahia, Mato Grosso e Goiás nos últimos dias. Eles afirmam que todos os custos são pagos pelos patrões. Em alguns casos, caminhoneiros são contratados com carteira assinada, e o salário não sofre mudanças mesmo com eles parados em Brasília.

Uma equipe da rádio Jovem Pan precisou ser escoltada por soldados nesta terça-feira (15) para deixar a manifestação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que pedem um golpe militar em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

Dois repórteres e um cinegrafista da emissora foram hostilizados por cerca de 30 minutos. Os manifestantes gritavam para os jornalistas saírem do local e faziam ameaças.

Uma parte dos apoiadores de Bolsonaro tentava impedir que os repórteres fizessem entradas ao vivo. Outra parte pedia silêncio para que os repórteres falassem. Mas, se "mentissem" na TV, iriam "sofrer as consequências" —a Jovem Pan ficou conhecida como a voz do bolsonarismo e demitiu diferentes profissionais desde o segundo turno das eleições.

Os manifestantes cobram as Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista derrotou Bolsonaro, em uma inédita derrota de um presidente que disputava a reeleição no país.

Os atos antidemocráticos foram inflados com mais gente nesta terça-feira por causa do feriado nacional tanto em Brasília como em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em Brasília, a principal divergência com a equipe da Jovem Pan, segundo os manifestantes, era a utilização da expressão "intervenção militar". Eles argumentam que os atos em frente aos quartéis não pedem isto, e sim uma intervenção federal.

Para os manifestantes, a diferença é que, na intervenção militar, generais assumem o Poder Executivo. Na federal, Bolsonaro permaneceria no governo até a realização de novas eleições.

"Deixa o cara fazer a matéria dele. Se ele falar que a gente quer intervenção [militar], a gente entra de novo. Se mentir, não vai trabalhar", disse um dos manifestantes.

Os atos antidemocráticos em Brasília chegaram nesta terça ao 15º dia. Caravanas gratuitas de pelo menos oito cidades foram anunciadas pelas redes sociais.

Dez ônibus chegaram na manhã desta terça-feira a Brasília. Os manifestantes saíram de Cascavel (PR) e dizem não saber quem bancou a estadia e a alimentação do grupo de cerca de 300 pessoas.

Enquanto a equipe da Jovem Pan era hostilizada, um homem da caravana paranaense disse à Folha que revoluções populares não acontecem sem violência.

Caminhões estacionados ao lado do quartel-general do Exército, em Brasília no dia 8 de novembro

Caminhões estacionados ao lado do quartel-general do Exército, em Brasília no dia 8 de novembro

Caminhões estacionados ao lado do quartel-general do Exército, em Brasília no dia 8 de novembro - Thaísa Oliveira/Folhapress

A manifestação em frente ao quartel-general do Exército em Brasília começou por volta das 8h. O número de manifestante foi aumentando ao longo da manhã, enquanto o tempo era bom.

No entanto, uma forte chuva afugentou grande parte das pessoas presentes por volta das 12h. Eles se refugiaram em baixo de barracas de vendedores ambulantes, tendas ou dentro de seus carros.

No acampamento, desde o dia seguinte a vitória de Lula, houve a distribuição gratuita de café da manhã e almoço.

Quem não queria enfrentar a fila para comer gratuitamente podia escolher entre as diversas opções pagas instaladas no local —além das diversas barracas espalhadas pelo local vendendo pipoca e batata frita, há uma praça de alimentação com espetinho, acarajé e outras opções.

Em São Paulo, sob o canto "Forças Armadas salvem o Brasil" e cartazes que dizem #BrazilWasStolen (Brasil foi roubado), milhares de pessoas de verde e amarelo se reuniram nos arredores do Comando Militar do Sudeste —Segunda divisão do Exército, próximo ao parque do Ibirapuera.

Na tarde desta terça, foram dois pontos principais de concentração, um na rua Manoel da Nóbrega e outro na avenida Sargento Mario Kozel Filho, onde fica a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de Sao Paulo)

Para percorrer esta última, eram necessários cerca 40 minutos —o trajeto levaria poucos minutos em um dia comum. Muitos dos acampados ali há 16 dias distribuem sanduíches, água e café de graça em tendas.

Há caixas para doação em dinheiro e pedidos aos gritos: "Manda no zap da família que a gente tá precisando de água".

Um deles, João Mendes disse à reportagem que a tenda recebe ajuda de empresários e militantes. "Empresário do tiro, do agro, todo mundo."

Uma mulher interrompeu para explicar que não se trata de doações exorbitantes. Disse que era manicure e empresária e também ajudava, portanto não havia um financiamento oculto.

Em frente ao quartel, as pessoas cantam o hino nacional, o hino da bandeira e o hino do Exército. São comuns gritos como "SOS Forças Armadas" ou "Se precisar, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa", referindo-se ao presidente eleito.

Quando um helicóptero supostamente da Globo sobrevoou o local, todos entoaram "lixo, lixo, lixo".

Fonte: Folha de São Paulo


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