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29/06/2022 às 20h02min - Atualizada em 29/06/2022 às 19h53min

Pedro Guimarães deixa comando da Caixa após denúncias de assédio; Daniella Marques é nova presidente

Executivo que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro se diz alvo de 'situação cruel, injusta, desigual'

RTV Cris Sekeff - rtvcrissekeff.com.br
Foto: Edu Andrade/Ministério da Economia
BRASÍLIA – Acusado por funcionárias da Caixa Econômica Federal de assédio sexual, o executivo Pedro Guimarães afirmou ser “vítima” do escândalo que custou a sua demissão da presidência do banco. Em carta entregue na tarde desta quarta-feira, 29, ao presidente Jair Bolsonaro e dirigida à “população brasileira” e a “colaboradores e clientes da Caixa”, Guimarães se diz alvo de “uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”.

A exoneração de Pedro Guimarães foi publicada em seguida à entrega da carta em edição extra do Diário Oficial da União. Para o seu lugar, o governo nomeou Daniella Marques, até então secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia.

Daniella era o nome mais cotado para substituir o atual presidente da Caixa. A escolha de uma mulher para o posto, busca estancar as denúncias de assédio contra funcionárias do banco que envolvem Guimarães.

Em entrevista ao Estadão nesta quarta, o senador Flávio Bolsonaro reconheceu que Guimarães deixa a Caixa para que as denúncias não sejam usadas contra o seu pai, e que Daniella Marques foi nomeada para dar uma "resposta mais do que clara" de que o presidente não admite esse tipo de conduta dentro do governo.

Agora ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães diz que “as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal”. Afirma que tem “a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta”.

O executivo justifica que decidiu se afastar neste momento para se “defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram”.

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra Pedro Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão. Cinco funcionárias relataram abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira, 28.

Nova presidente da Caixa

A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, é "braço-direito" do ministro da Economia, Paulo Guedes, desde os tempos em que ele atuava na iniciativa privada. Ela assumiu a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia no começo deste ano. Na função, vinha liderando projetos voltados para o público feminino, no qual o presidente Jair Bolsonaro amarga forte rejeição.

Formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e com MBA em Finanças pelo Ibmec/RJ, Daniella atuou por 20 anos no mercado financeiro. Ela foi sócia de Guedes na Bozano Investimentos, no Rio de Janeiro, e deixou a gestão em 2019 para trabalhar com o ministro como assessora especial.

Leia a carta de Pedro Guimarães na íntegra:

"À população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes da CAIXA:

A partir de uma avalanche de notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.

Foi indicada a existência de um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me manifestar.

Ao longo dos últimos anos, desde a assunção da Presidência da CAIXA, tenho me dedicado ao desenvolvimento de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia. 

Como resultados diretos, além das muitas premiações recebidas, a CAIXA foi certificada na 6ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), além também de ter recebido o selo de Melhor Empresa para Trabalhar em 2021 – Great Place To Work®️, por exigir de seus agentes e colaboradores, em todos os níveis, a observância dos pilares Credibilidade, Respeito, Imparcialidade e Orgulho.

Essas são apenas algumas das importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.

Na atuação como Presidente da CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações.

A ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.

As acusações noticiadas não são verdadeiras!

Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.

Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Junto-me à minha família para me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram.

Por fim, registro a minha confiança de que a verdade prevalecerá." 

Pedro Guimarães"


Fonte: Estadão

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